quarta-feira, 6 de março de 2013

Crisântemo - Caítulo I


            Capítulo I – Lívia’s pov I


Tudo começou quando tínhamos 7 anos de idade.
Sempre morei em Goiás, mas tinha acabado de me mudar para uma cidade no interior de São Paulo. O ônibus estava com problema, por isso fui de carro com meus pais.
            E, no primeiro dia de aula em minha nova escola, em uma nova cidade, fiz amizade com 5 pessoas.
            - Olá. – disse a garota que sentava ao meu lado direito – sou nova aqui também, prazer em te conhecer. – e sorriu. Eu me sentava na última carteira da fileira do centro da sala. – Meu nome é Thayse.
Ela tinha longos cabelos castanhos, lisos que se enrolavam na ponta. Seus olhos eram pretos, e costumava sempre fazer as unhas utilizando cores que demonstravam seu humor. No dia, suas unhas estavam pintadas de amarelo vivo, símbolo de otimismo e alegria.
            - Prazer, meu nome é Lívia. – respondi. Ela parecia ser uma pessoa legal.
            Logo, a pessoa que se sentava ao meu lado esquerdo virou-se e disse:
            - Ah, que coincidência! Eu também sou novo aqui! Meu nome é Júlio.
            Júlio, na época, havia acabado de cortar o cabelo. Eram cabelos encaracolados e castanhos, juntamente com seus olhos. Era esbelto, porém baixinho na época.
            - Sério? Que legal! – Eu dizia, mas fui interrompida pelo garoto em minha diagonal direita, em frente à Thayse, que se virou rapidamente e disse:
            - Sério? Eu também! E de que escola vocês vieram?
            Era um garoto moreno, de cabelos encaracolados. Nem deu tempo de perguntar seu nome pois logo em seguida, a pessoa que sentava em minha frente chegou.
            - Eu vim da Sol Norte! – intrometeu-se o garoto, que parecia ser uma pessoa despreocupada e extravagante. – Ah, e meu nome é Damian. Qual é o de vocês? – Enquanto sorria simpaticamente, porém aquele sorriso me dava nos nervos. Tinha cabelos loiros e lisos, e era um pouco gordinho.
            - Prazer, me chamo Lívia. – e sorri.
            Foi aí que chegou a última pessoa do grupo. Sentou-se em minha diagonal esquerda, discretamente. Uma garota quieta e sorridente. Tinha cabelos cacheados, loiros e um lindo par de olhos azuis. Virou-se para nós e começou a nos observar.
            - E você...qual seu nome? – dissemos.
            - Eu? – dizia confusa - Ah...meu nome é Sofia. E o de vocês?
            Todos começaram a dizer seus nomes. O garoto ao meu lado esquerdo chamava-se Júlio, a garota à direita Thayse, em frente a ela, cujo nome conheci na hora, Samuel,  e em minha frente Damian. Por último eu, Lívia.
            Não demorou para que nos tornássemos amigos. Depois da aula, todos pegamos o mesmo ônibus e ficamos conversando. Fiquei muito amiga de Thayse e Júlio, particularmente. Depois de algum tempo, o ônibus parou no ponto em que eu iria descer. No entanto, por alguma misteriosa razão, todos nos levantamos ao mesmo tempo e saímos.
            - A casa de vocês também fica aqui por perto? – perguntou Samuel.
            - Sim – Todos respondemos.
            Comecei a andar em direção à minha casa. Logo percebi que estávamos todos indo para a mesma direção.
            - Ei, parem de me seguir. – disse Damian rindo.
            - Não estou te seguindo, minha casa é por aqui. – disse Júlio.
            - Caramba, nós moramos todos bem próximos uns dos outros. – Eu disse.
            - Isso é bom. – respondeu Thayse. – Ah, já estou chegando em minha casa.
            Foi neste momento que nós percebemos que estávamos morando na mesma rua. Talvez porque era uma rua recente, e muitas pessoas de mudança estavam indo para lá.
            Ou talvez esse fosse o destino. Seis pessoas que vieram de lugares diferentes, que de repente se mudam para a mesma rua, mesma escola, em uma mesma classe e para completar, sentam-se em uma mesma região dela. Isso realmente nos aproximou muito, fortalecendo nossa amizade. Uma pena que ela tenha durado apenas por 4 anos.
            Era primavera dos meus 11 anos. Todos estávamos na 5ª série. Entretanto, por motivos de conversa, os professores nos separam em diversos locais na sala. E eu, que era considerada o centro das conversas, passei a sentar bem na frente do professor.
            - Por quê? Por que tem que ser eu, Tha?? – Esse era o apelido de Thayse. Ela me chamava de Liv.
            - Ah... é porquê você não para de falar, Liv! Assim você atrapalha meus estudos! – dizia, me provocando.
            - Sim, verdade! Naquele dia, o professor lhe chamou a atenção umas 124 vezes, que eu contei! – respondia Júlio, rindo.
            - Hah, que mentira! Pra começar, foi tudo culpa da Sofia e Damian, que ficavam me chamando para mostrar os rabiscos que ficavam fazendo no caderno. Isso que é desinteresse pela aula! – dizia, irônica, só para provocá-los.
– É divertido – disse Damian, sorrindo.
- E...eei! De onde você tirou esse número?124? Que exagero!! Foram umas... 15 no máximo.... – eu tentava me defender. Claro que esse número era um completo exagero da parte dele.
- Uhum...isso só se for nos primeiros 5 minutos da aula. – retrucava Júlio, em meio à gargalhada.
Então, o sino tocou. Era hora de irmos para casa.
            Chegando em casa, no almoço meus pais e eu começamos a conversar. Depois de algum tempo, minha mãe interrompeu o assunto para falar:
            - Lívia, seu pai e eu temos uma coisa para lhe contar.
            - O quê, mãe?
            - Seu pai conseguiu um emprego em uma empresa maior, e por isso teremos que morar em outra cidade. Felizmente, eu também consegui transferência onde trabalho, então no próximo mês nós já iremos nos mudar. Comece já a arrumar suas coisas para a mudança.
            Foi um pouco de choque para mim. Quando finalmente tinha feito amigos de verdade...
            - O quê foi, Liv? – disse Tha. Estávamos na hora do recreio. – Você está mais quieta que o normal hoje.
            - É que... – Todos pararam de conversar para me ouvir e ficaram me olhando por alguns instantes. Eu abri minha boca, mas não saía nada. Não conseguia falar sobre a mudança. – não...não é nada.
            - Tem certeza? – disse Júlio, com uma cara de desconfiado.
            - Não, não é nada mesmo. Acho que comi alguma coisa ontem que não me fez bem...- disse, dando um risinho forçado.
            De noite, estávamos brincando de esconde-esconde na rua. Era tão divertido que costumávamos brincar até de noite. Júlio e eu nos escondemos atrás de um carro, era a vez de Samu, o apelido de Samuel, nos procurar.
            - Tem certeza que não é nada? – perguntou.
            - O quê? Já falei que não! – disse.
            - Então ta.
            Em seguida, ficou um grande silencio entre nós.
            - Pode contar comigo, se quiser conversar sobre isso. – dizia, com um sorriso simpático. Foi mais ou menos nessa época que comecei a gostar dele. Depois de muito resistir, finalmente consegui me abrir.
            - Tudo bem! Vou me mudar daqui a um mês, e por alguma razão consigo contar para os outros.
            Ele parou por um segundo, pela surpresa, e em seguida disse:
            - E por quê não consegue contar para eles? – depois de alguns instantes, voltei a falar.
            - Não sei...talvez esteja triste por ter de dizer isso para eles, ou esteja com medo do modo com que eles reagirão.
            - Pode confiar em nós. Somos amigos, não é? – e dava aquele lindo sorriso contagioso, que me fazia ficar um pouco mais feliz. Virei o rosto para o chão e dei uma risada. “Claro que sim”, pensei. Não sei por que estava tão relutante quanto a isso.
            Então, Samuel nos encontrou. Depois da brincadeira contei a eles sobre minha mudança, e todos ficaram em choque por alguns segundos. Menos Sofi, que logo disse:
            - Não tem problema, nós continuaremos mantendo contato! Certo? – referindo-se a todos.
            - Mas é claro! – eu dizia.
            Então, um dia antes da minha mudança, nós fomos na feira no centro da cidade. Eu estava com as meninas olhando alguns acessórios.
            - Eu vou te dar isso, como lembrança. – disse Sofi, mostrando um chaveiro em forma de crisântemo, uma flor que dizem significar “uma pessoa muito importante”, ou “um amigo importante”. Era pequeno e discreto, de cor prateada.
            - Uau, que lindo! Obrigada! – eu disse.
            - Então eu vou comprar um para mim também. – dizia Sofi, já pegando outro daquele para ela.
            - Ei, não é justo. Eu também quero! – dizia Tha, que já ia pegando um.
            - Então por que não compramos um pra todo mundo? – sugeri.
            - Boa idéia. – disseram.
            Quando encontramos os meninos, distribuímos um chaveirinho para cada.
            - Mas isso aqui não é meio feminino demais? – dizia Damian. Olhando o acessório em forma de flor.
            - Não, significa “um amigo muito importante”. A gente precisava de um desses, então compramos. – respondi. – E nem pense em jogar fora! – alertava-o.
            - Até parece que usarei um desses. – disse ele.
            Fiquei triste por um momento, mas confiei nele, acreditando que ele não jogaria fora um objeto tão importante.
            Sem mais demoras, fui embora da cidade. Foi um pouco difícil no início me adaptar em uma cidade grande. Porém, logo me acostumei, e fiz algumas amizades, mesmo que não tão fortes quanto aquelas de antigamente.
            Sobre aquela nossa promessa de continuarmos nos contatando, a realidade logo foi nos mostrando o quão o tempo pode distanciar as pessoas. As ligações, que antes eram costumeiras passaram a demorar semanas. A falta de assunto fazia com que as conversas, mesmo pela internet, diminuíssem, chegando ao ponto de completa ignorância ou esquecimento por ambas as partes. Era inevitável que acabaria perdendo totalmente seus contatos.
Logo me formei e optei pela carreira de jornalismo, pois era uma área em que tinha um pouco de interesse, porém ainda não tinha certeza se aquela seria mesmo a apropriada para mim. A faculdade que escolhi ficava um pouco longe de onde morava, por isso comecei a procurar um apartamento para morar.
            Prometi aos meus pais que arrumaria um emprego de meio-período para ajudar nas minhas despesas pessoais, enquanto eles pagariam meu alojamento. Escolhi um apartamento em um imóvel pequeno, que era composto por sete apartamentos pequenos.
            Depois de realizar a reserva, o proprietário afirmou que todos os outros seis já estavam alugados. Que sorte, por pouco não consigo a reserva! Mas isso também significa que terei companhia: seis, para ser exata. Estou animada para conhecê-los. Neste momento, estou indo para meu apartamento. Desejem-me sorte!